Na última quinta-feira (17), o SAAE Oeste, representado pelo presidente Marcos Antônio Nunes, participou da primeira rodada de negociações da Convenção de Trabalho com o Sindicato Patronal. A reunião aconteceu em Florianópolis-SC e contou com a participação dos demais sindicatos.

Marcelo Batista de Sousa, presidente do SINEPE (Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina), reconheceu que a pauta de reivindicações encaminhada pelos sindicatos de trabalhadores e Federação condiz com a realidade, e não a considera absurda.

Batista falou também sobre o fechamento de escolas e demonstrou preocupação com o número de matrículas. Ao citar a questão do Ensino à Distância –EAD, reconheceu que algumas escolas, ao adentrarem no mercado do EAD, acabam concorrendo com seus próprios cursos presenciais. E concluiu que o setor educacional, em um contexto geral, apresenta dificuldades.

Contrapondo a fala do Presidente, os representantes dos trabalhadores argumentaram que as considerações do Patronal são genéricas e que na prática não se aplicam da mesma forma em todas as instituições, e pediram, então, que as particularidades sejam observadas, pois a pauta representa o esforço coletivo das entidades de garantir o mínimo necessário aos trabalhadores.

Os representantes concordaram que de fato há uma crise no Brasil, especialmente nos últimos três anos, em que o salário dos trabalhadores sofreu uma alta desvalorização e o poder de compra foi reduzido significativamente. Porém, afirmam que a manutenção das conquistas históricas da classe é uma necessidade; que por meio do diálogo, de forma inteligente, há a possibilidade de uma composição benéfica a todos.

Ao contra-argumentar as colocações dos trabalhadores, o SINEPE afirmou que as cláusulas têm um custo para as escolas, e que por parte dos gestores das instituições há um movimento para a retirada dos triênios, além de interpretar da pior forma as ações de exibição de documentos impetradas pelas entidades sindicais. “Só haverá convenção com os sindicatos que não tiverem ações pendentes ”, finalizou o presidente.

A fala do Presidente do SINEPE foi rebatida pelas entidades sindicais, que entendem que as ações só foram impetradas pela intransigência do SINEPE e das Escolas, por não querer comprovar a impossibilidade de pagar o INPC de forma integral. E que, ao assinar a convenção, as entidades sindicais demonstram boa vontade e entendimento, o que não teria ocorrido por parte das escolas. Ainda argumentaram que a possibilidade de objeção à solicitação de revisão do índice está convencionada, dessa forma, os sindicatos estariam seguindo o que foi assinado na convenção.

As entidades sindicais se pronunciaram afirmando que compreendem a situação de algumas escolas, que ao enviarem a documentação demonstraram a necessidade de revisão do índice, por outro lado, há universidades que divulgaram à comunidade em geral que tiveram superávit nos últimos anos, e não pagaram uma recomposição justa aos trabalhadores, nesses casos não haveria como entender a necessidade, pois ela de fato não existe.

Sobre as cláusulas sociais e econômicas serem um custo às escolas, as entidades sindicais argumentaram ao Presidente do SINEPE e demais gestores integrantes da comissão de negociação das escolas, que devem ser vistas como investimento, uma vez que para garantir o mínimo de qualidade no serviço que oferecem, é necessário remunerar de forma justa e digna os seus trabalhadores. Para os sindicatos, uma remuneração adequada é um dos pilares da qualidade no ensino, e muito necessária em tempos de forte concorrência.

Ao finalizar a primeira rodada de negociação, o presidente do SINEPE afirmou mais uma vez: “Não tenho mandato para assinar com quem tem processo, mas podemos ir negociando”.

O presidente do SAAE Oeste, Marcos Antonio Nunes, afirmou que a negociação ocorreu dentro do esperado e diz não ser uma surpresa que o SINEPE, na condição de representante da vontade de escolas, faculdades e universidades, se utilize desse argumento para justificar o achatamento do salário dos trabalhadores. Mas apesar do cenário desfavorável, ele reitera: "Continuaremos firmes, atuantes no processo de negociação, pois a melhoria das condições de trabalho, por meio da manutenção de cláusulas sociais justas e da valorização salarial, é o que baliza as ações do SAAE Oeste", concluiu o presidente.

A próxima reunião foi agendada para dia 22 de fevereiro, às 10h, de forma presencial, na sede do SINEPE em Florianópolis.